domingo, 18 de junho de 2017

Castelo de nada

Você já pensou no que seria o nada? Não, não o contrário de tudo, o nada como o nada. Zero absoluto? Existe isso? Pensa comigo:
Você não está com fome, sede, sono, não está bem nem mal, enfim, você está "nada". Você não está zero. Você sempre está alguma coisa. E, mesmo que queira insistir, você está nada, ou seja, você está "alguma coisa", logo, não está no zero absoluto.
Pensem nesses nossos nadas do dia a dia. Sim, você sente esses nadas, eu sei. Você pode não ter percebido, mas eles estão ai. Enfim, o que é esse nada.
O meu nada é abominável. Eu tenho tanta coisa ao meu redor, tanta coisa ao meu alcance, tantas pessoas ao meu redor... e tenho nada.
Eu sempre gostei disso no inglês: você não diz "eu não tenho nada" (I don't have nothing) Eu TENHO nada. Afirmo o nada. Se você nega o nada, você tem algo. Confuso? Nada.
Voltando. Somos um nada enorme. Cada um com seus nadas. Cada um completa seu vazio, seu nada, de alguma maneira.
Drogas, namoros, vícios, feitiches, eletrônicos, livros, escolha seu "seu" enquanto você sabe que tem nada. Você quer o seu, mas lá no fundo, você tem nada.
Consuma mais, compre o celular top of the tops. Beba igual um gambá (amo essa expressão, imagina um gambá muito louco de catuaba, falando várias merdas!). Se apoie em alguém (ou algo, amém) para completar seu nada. Uma hora, você se ilude e caí no ciclo "isso me completa, quero mais" (sempre aumentando o ciclo, sem perceber claro).
O que te preenche esse nada que somos, te pede cada vez mais. E mais. E mais... e no final, sabe o que terás? Nada.
Minha mãe falava isso pro meu pai: "quando você morrer, vai ter um caixão e duas caçambas pra enterrar". E, vendo esse "monte de coisa", esse nada fica assustador.
Eu tenho minha casa. Eu tenho minha filha. Meu pai. Meus amigos. Meu ganha pão. Minha roupa, meus cigarros, minhas brejas, meus, minhas, meus, minhas... Nada.
Essa sonoridade do nada assusta. "Após a morte, vem o verdadeiro nada". Caralho... caralho mesmo, to vivendo igual um filho da puta e vou virar pó quando morrer, tomar no cu hein. Ai vem um e fala "ah, obedece o que eu to falando que você vai ter tudo no pós-morte". E hoje tem quem brigue por qual fantasia é real e verdadeira, com direito a tretas entre quem acredite na mesma divindade. Eita.
Será que aceitando o nada, aprenderemos o que é o tudo e o nada? Será que aceitar o nosso vazio é o necessário para conseguir completa-lo? Sabe o que eu tenho para concluir de tudo isso? Lógico que sabe, o mesmo que você acha sobre esse texto.
Nada.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Contexto, a destruição da realidade:

Interprete a realidade como linguística, quebre cada segundo

e transforme-o em um novo mundo; reconstrua sua frase e
leia cada sentimento; de cada letra, faça a sintaxe.
                              [ksi]
/sintasse/                [si]
                               [ʃ]
sem regras normativas
jogue fora das regras
se joga
presente e passado
praesenti: transformação crase
praeteritum... alemão ou latim?
Cada segundo pensado e repensado.
Destrua seu tempo.
A realidade?
É o agora,
não há passado, há presente,
seu poema é seu porto seguro. Analise e interprete
coloque ritmo, rima, apague o que não der certo
faça, releia, escreva, apague, comece, pare, repete;

realidade é tudo e nada que estiver por perto.

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